A gula, a embriaguez, as preocupações da vida…

As leituras do 1º Domingo do Advento nos chamam à vigilância, na expectativa da vinda do Senhor. Nesse dia, uma antífona da Liturgia das Horas diz:

Purificado seja o nosso coração,
para irmos ao encontro do Senhor,
o grande Rei, porque Ele vem sem mais tardar.

Essa purificação do coração precisa ser constante, pois são muitas as coisas que nos distraem das realidades eternas.

Para começar, há muitas pessoas que vivem sem ter consciência de que têm uma alma, e uma alma eterna, que continua existindo após a morte do corpo!

“Esse dia”, sobre o qual Jesus nos fala, pode ser o juízo final, o nosso juízo particular (na nossa morte), mas também uma situação diante da qual precisamos decidir entre Deus e as coisas do mundo – as realidades eternas ou as satisfações terrenas.

Se formos analisar, frequentemente estamos diante desse tipo de escolha. Mas chegará um momento em que essa decisão será uma decisão final: precisaremos escolher entre nossa salvação com Deus, ou um aparente bem estar sem Ele. Teremos discernimento suficiente para fazermos nossa escolha por Deus?

Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós. (Lc 21,24)

Nesse versículo, Jesus nos alerta para o fato de que nossos corações poderão ficar insensíveis, de tal modo que nos arriscaremos a fazer a escolha definitiva errada! Ele nos ama tanto, que explica bem o que é que torna nossos corações insensíveis:

consumismo

1- a gula – não é apenas um desejo de satisfação pelo alimento, mas pode ser compreendido também pelo desejo de possuir, de querer ter as coisas para se satisfazer. A gula faz com que tentemos substituir Deus pelas coisas ou pelas pessoas. Se estamos distraídos pela gula – pelo consumismo, pela vontade de tudo possuir, provar… – conseguiremos escolher Deus como o centro de nossa vida?
Como planejamos nossa preparação para o Natal? Pensamos na confissão, na novena em família, como montar o presépio? Ou só em presentes, na ceia,…?

2- a embriaguez – que não é somente efeito das bebidas alcoólicas, mas em especial pelo poder e autoridade. Quem se firma em sua posição social, situação financeira, seu cargo de chefia, esquecendo-se de que tem responsabilidade diante de Deus sobre os que lhe são subordinados, está embriagado, isto é: atordoado e distraído por sua própria importância. Essa insensibilidade poderá lhe custar a vida eterna.Tudo o que temos nos é dado por Deus para o nosso bem e também para o bem comum: se tenho facilidade em ganhar dinheiro, é justo que eu possa desfrutar dele, mas também é justo que eu ajude quem passa necessidade. Se tenho o dom da música, do desenho, da fabricação de móveis, posso ensinar a outros, além de usar esse dom para ganhar a vida e também levar Deus para outras pessoas.

Assim como os pais e padrinhos são responsáveis pelos filhos e afilhados, os chefes e as autoridades têm responsabilidade sobre os funcionários e o povo que governam.

3- as preocupações da vida – Jesus sabe de nossas preocupações, e nos alerta que também elas podem tornar nosso coração insensível.Com tantos problemas e situações que exigem uma solução, podemos nos envolver tanto no que é necessário fazer, que nos esqueceremos de Deus! Quantas vezes não chegamos ao final do dia sem termos pensado em Deus e nas realidades espirituais? A semana é tão corrida, há tantas solicitações a atender, que o domingo – o Dia do Senhor – torna-se simplesmente “dia de descanso” e os feriados religiosos são apenas oportunidades de viajar. De onde tiramos o que sabemos sobre as realidades eternas? Será das novelas e dos livros polêmicos que estão na moda? Como está nossa vida de oração? Como está nosso conhecimento sobre os ensinamentos da Igreja?

Com estes três pontos podemos avaliar o nível da insensibilidade de nosso coração e ter uma ideia de o quão preparados estamos para receber Jesus neste Natal!

Que este Evangelho sirva de reflexão para esta primeira semana do Advento!

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